Por
Luiz Henrique Ortiz Ortiz
Uma,
por razões culturais, em que normalmente absorvemos conceitos que achamos não
poderem ser contraditados e que historicamente aprendemos a aceitar. Este
pensamento, não muito apurado, vem numa linha dogmática, carregado de verdades
indiscutíveis, mas que não alimentam a razão, uma vez que, como já escreveu
Fernando Pessoa, num dos seu textos: “A razão era incompetente para determinar
uma verdade”, justificando com isso que “o conhecimento vem, ou pelos sentidos
(…), ou intelecto, nem percebe, nem cria, tão somente compara e, por comparação,
retifica e elabora os dados que os sentidos ministram.”
Desta
forma, tive a necessidade de questionar-me, não racionalmente mas, sim, meus
sentimentos socialistas, pois todos nós somos políticos, mesmo quando dizemos
que não gostamos de política. Em qualquer fase da nossa vida somos confrontados
e obrigados a tomar decisões e, nesse momento, julgamos, por vezes sumariamente,
dentro do contexto que nos envolve, com base nas nossas crenças, princípios,
valores, experiências e ensinamentos absorvidos ao longo de nossas vidas. A
prática política, para além das reflexões civilizacionais, confronta-nos com a
arte de regular, moderar e decidir.
Assim,
temos necessidade de tomar decisões acertadas, sendo que para tal necessário
termos um bom código de valores, algum conhecimento, experiência suficiente,
capacidade de gerir e intervir utilizando as boas práticas no respeito
intrínseco por quem somos.
Por
que sou socialista? Talvez por utopia mas, a bem da verdade, é que creio nos
princípios Socialistas, defendo os direitos sociais, busco “uma sociedade livre,
justa, solidária e pacífica”, valores estes que parecem ser universais,
contrariamente a todas as formas de injustiça e discriminação, como acontece no
capitalismo em que vivemos.
Então,
se me sinto socialista, por que me sinto Socialista? São nestes momentos
cruciais que temos que nos afastar do conteúdo e voltar à forma onde acontecem
as grandes diferenças, onde uns reconhecem como cruciais mercado e capacidade de
se auto-organizar, outros nem sequer reconhecem o mercado; uns dão significado
valor à meritocracia; outros, sentido comunitário; uns defendem a democracia sem
classes sociais. Enfim, motivos e motivações que provocam divergências
fundamentais entre partidos. No entanto, é nos Partidos de cunho Socialista que
me reconheço e onde reconheço o melhor modelo social, baseado em três princípios
basilares: o primeiro é que o Estado tem a obrigação de garantir o bem-estar
comum, o segundo, a defesa de uma economia de mercado triangular, regulada
institucionalmente, onde se funde a iniciativa privada, a iniciativa pública e a
iniciativa social e, por fim, a preocupação progressista no desenvolvimento
sustentável e a coesão social, respeitando sempre os direitos humanos.
Diante
do explicitado, evidente a resposta à minha pergunta, sou socialista porque
entendo que todos têm direito ao acesso à saúde, à educação e justiça. Sou
socialista porque não aceito a exclusão social. Sou socialista porque somente em
uma sociedade sem miseráveis poderemos ser verdadeiramente felizes. Sou
socialista porque gosto de partilhar. Porque na partilha de comida,
conhecimento, habitação estamos a ser mais humanistas e, portanto, estaremos
construindo um mundo melhor. Sou porque sou e daí, algum
problema?
Perfeito !
ResponderExcluirÉ difícil ser diferente num mundo onde as pessoas estão cada vez mais individualistas, porém acredito sim em uma sociedade mais justa onde as pessoas podem sim ter acesso aos direitos garantidos constitucionalmente desde 88 e que hoje em dia estão cada vez mais focalizados e privatizados.