quinta-feira, 19 de março de 2009

Direitos Humanos. Voluntária Irma Kniess é referência na militância

Quem conhece o Centro dos Direitos Humanos (CDH) Maria da Graça Bráz, de Joinville, certamente já viu ou ouviu falar em Irma Kniess, voluntária aposentada e diretora no Colegiado da entidade. Nascida em Taió, vale do Itajaí, em 1941, a ex-freira, aos 68 anos, é uma referência para militantes da causa no Sul do País. Seu currículo dá motivos de sobra para se tornar cidadã honorária de Joinville. O processo para o título tramita na Câmara Municipal desde quarta-feira passada, 11, quando o CDH completou 30 anos.
Descendente de alemães agricultores vindos de Armazém, Irma é filha de Roberto e Maria Kniess. O pai faleceu quando tinha seis anos, então precisou dividir sua infância entre os estudos, cuidar das irmãs mais novas e a agricultura. Aos 19 anos, após a morte da mãe, seguindo o exemplo de três irmãs, decidiu ir para a Congregação Missionárias de Jesus Crucificado, em Lages.
De 1960 até 84, Kniess - como é chamada pelos amigos – passou a maior parte do tempo no Rio Grande do Sul. O surgimento da Teologia da Libertação, durante o regime Militar, lhe proporcionou novas experiências. Com a possibilidade de morar nos bairros, junto ao povo, voltou ao 4º ano primário, lecionou cursos de costura, bordados, participou da formação das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs.
As dificuldades e a desigualdade vistas de perto foram os motivos para que deixasse a Congregação. Aos 43 anos, Irma veio para Joinville. Funcionária pela manhã numa confecção, dedicava o restante do dia aos trabalhos nas pastorais e movimentos sociais. Na Paróquia Imaculada Conceição, no Boa Vista conheceu Monsenhor Boleslau, falecido em 1989. “Foi Mosenhor que me apresentou a Maria da Graça”, parceira de luta, ex-freira e morta em 1996.

Sem arrependimentos
Sua participação no CDH iniciou em 1990 e em 92 assumiu a coordenação da ONG. Após 25 anos de militância, Kniess vivenciou muitas ocupações de terra urbana e rural, assembléias e greves de trabalhadores, formação de associações de moradores, de Conselhos Municipais e da Comunidade. “Não me arrependo de nada que fiz. Faria tudo de novo e com mais afinco. Meu sonho é ver implantados os Direitos Humanos no sentido mais amplo, onde as pessoas valham mais que o dinheiro”, afirma.
Atualmente, ela realiza tarefas diversas e ocupa uma sala na sede da Entidade, situada à Rua Plácido Olímpio de Oliveira, 660. É representante do CDH no Conselho da Comunidade do Jardim Paraíso, no Movimento Estadual dos DH, no Fórum Sul da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Fórum Sul - ABONG), entre outras organizações. Também participa da Comissão Ecumênica da Diocese e da Escola de Ecumenismo.
Perfil publicado no Jornal Notícias do Dia de 18/03/2009.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Trinta anos entre faixas e bandeiras

Centro dos Direitos Humanos de Maria da Graça Bráz Completa 30 anos

15 de março de 2009 -
O Centro dos Direitos Humanos de Maria da Graça Bráz é uma entidade autônoma, ecumênica, construída pela representação das organizações populares, na luta histórica pelo direito à terra, à moradia e contra as violações de direitos humanos que ainda no século 21 atingem o povo de Joinville.
Quando comecei a entender que não existia justiça social, que as desigualdades entre pobres e ricos causavam exclusão e sofrimento, optei por contribuir na construção da sonhada sociedade na qual todas as pessoas tenham direito à vida com dignidade, à vida em abundância.
Não foi fácil, em 1989, quando me juntei a Monsenhor Boleslau, pároco do Boa Vista, Maria da Graça Bráz, seu João Schimitz, do Floresta, e outras lideranças das Comunidades Eclesiais de Base, e assumimos a defesa dos direitos humanos em um cenário ainda muito contaminado pelos resquícios da ditadura militar. A entidade, fundada em 1979, tinha um orçamento pequeno, com poucos militantes, mas já absorvia uma demanda de denúncias e solicitações muito além de nossa capacidade de ação. Foi a fibra, o caráter e a crença em um mundo justo e igualitário que moveram esses dirigentes, coordenadores e militantes de direitos humanos na construção destes nossos 30 anos de existência.
Somos o terceiro centro de direitos humanos do País, originado no combate à ditadura militar e na defesa do direito de greve, e ainda temos muito a fazer, muita luta a travar. Especialmente no que diz respeito à formação das pessoas e reconhecimento de seus direitos, saber que somos sujeitos de direito e agentes de transformação social.
Hoje, a Escola de Formação Popular em Direitos Humanos, projeto do CDH aberto à comunidade, trabalha esse objetivo e já forma lideranças populares, professores, estudantes em direção a esta nova cultura.
Da mesma forma, o Projeto de Assistência Jurídica e Psicológica ao Conselho Carcerário e ao Centro dos Direitos Humanos de Joinville (PAS-JP) caminha para seu quarto ano de uma sólida parceria com a Associação Catarinense de Ensino no atendimento à população de baixa renda de Joinville, tanto nas questões de ordem jurídica, quanto no encaminhamento e orientação psicológica.Você também está convidado a fazer uma opção pela vida, a olhar ao seu redor e perceber quantas coisas podem ser transformadas e que a injustiça e a dor não fazem parte da concepção humana, é mera invenção de alguns poucos que querem manter privilégios em detrimento dos direitos de muitos.
A articulação de movimentos de luta pela moradia é uma das intervenções de maior porte do CDH. Com um histórico de depredação do meio ambiente – Joinville foi construída em área de terras de mangue e marinha – e forte especulação imobiliária, resultando em problemas de moradia são bastante sérios.
À medida em que o Poder Público não corresponde às necessidades habitacionais, os conflitos de terras em áreas irregulares, de ocupação e até mesmo nos loteamentos urbanos são permanentes.

O CDH tem sua sede na rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, 660, Bucarein. O telefone para contato é (47) 3025-3447 e o e-mail institucional é cdh@terra.com.br .

Irma Kniess é diretora do Colegiado do CDH de Joinville.