sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Por uma comunicação que priorize o social

Plenária 1ª Confecom
 (foto extraída do site www.altamiroborges.blogspot.com)

      A comunicação é o meio de transmissão dos códigos culturais e valores, conforme as relações de uma sociedade. No Brasil, onde mais de 154 milhões de habitantes (80% da população contabilizada pelo IBGE até agora) estão distribuídos em 8, 512 mi Km2, a cultura disseminada nos meios de comunicação de massa é a cultura do capital. Levando em conta os dados divulgados pelo Coletivo Brasil de Comunicação Social, durante as eleições, a mídia no país é bancada por 97,2% de capital publicitário.
      De acordo com a publicação Reflexões sobre as Políticas Nacionais de Comunicação, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), de 2009, organizada por Daniel Castro, atualmente, cinco famílias dominam os meios de comunicação de massa no Brasil (quatro das nove poderosas durante os anos 80 estão falidas: as famílias Bloch, Levy e Nascimento e o grupo Mesquita) e decidem o que os milhões de brasileiros devem saber sobre os fatos. No mercado editorial o panorama não é diferente. As maiores editoras de livros didáticos escolares, editoras Ática e Scipione, pertencem ao grupo Abril, o mesmo da revista Veja, por exemplo.
    Em dezembro de 2009, o governo Lula realizou a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, sob o tema Comunicação: Meios para a Construção de Direitos e de Cidadania na Era Digital, da qual participaram mais 1700 delegados dos governos, dos movimentos e organizações sociais e empresariado. A 1ª Confecom, boicotada por grandes empresários da mídia, aprovou 633 propostas desenvolvidas a partir das conferências municipais, estaduais e distrital para a regulamentação do setor e das políticas públicas necessárias para sua democratização. A etapa de Joinville aconteceu junto à 2ª Conferência Municipal de Cultura, em outubro passado, com apoio da Prefeitura, das organizações sociais e de alguns pequenos grupos empresariais. Daqui, saíram vinte delegados para a etapa estadual - boicotada pelo governo de Santa Catarina - e quatro para a Nacional.
    Quase dez meses depois, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, propostas da Confecom ainda se mantêm no papel. Até agora, por exemplo, a transmissão da TV Brasil (primeira rede pública, criada em 2007) continua via cabo para a maior parte dos estados (SP, RJ,MA e DF têm canais abertos), o que impede o acesso da maioria da população a uma programação televisiva com valores culturais educativos, plurais, artísticos e com jornalismo de boa qualidade.
   São muitas as medidas de urgência a serem tomadas para uma verdadeira democratização da comunicação no país. A revisão das outorgas e concessões dos meios de comunicação de massa; a universalização da banda larga; o fim da propriedade cruzada (um mesmo grupo ser proprietário de diferentes tipos de mídia); a criação de um órgão regulador e fiscalizador do setor sob controle social e a manutenção da estatização dos Correios são as principais reivindicações dos que lutam pelo direito humano e social da comunicação. Conseqüentemente, contra o monopólio da mídia. Por isso, voto PT, voto 13!


Por Silvia Agostini Pereira - jornalista e diretora do Centro dos Direitos Humanos de Joinville-SC

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os segredos internacionais por trás da 'Revolução do Ódio' no Brasil

Mauro Carrara - Diário da Liberdade

Esse sistema é preferencialmente utilizado para disseminar peças de calúnia e difamação contra Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e qualquer figura pública que ouse tomar partido do projeto da esquerda no Brasil. Funcionando também nas redes sociais, essa é uma das principais frentes da “Revolução do Ódio” em curso no país.

Até o primeiro turno da eleição presidencial, havia mais de 650 militantes, quase todos bem remunerados, para difundir material venenoso contra o governo federal. Neste segundo turno, essa super tropa de terrorismo virtual, recrutada por Eduardo Graeff, conta com mais de 1.000 militantes.Esse, no entanto, é apenas um braço do movimento de golpismo midiático financiado por entidades ultra-conservadoras, sobretudo norte-americanas, empenhadas em desestabilizar movimentos de esquerda pelo mundo e assumir o controle das fontes de riqueza nos países emergentes.

O enigma das “revoluções coloridas”

Há 15 anos, a Internet vem sendo utilizada como ferramenta de sabotagem por esses grupos. Dentre eles, destacam-se o poderoso National Endowment for Democracy (NED), a United States Agency for International Development (USAID) e inúmeras entidades parceiras, como a Fundação Soros.
O NED, por exemplo, financia várias organizações-satélite, como o World Movement for Democracy, o International Fórum for Democratic Studies e o Reagan-Fascell Fellowship Program, que atuam direta ou indiretamente em todos os continentes.

Grupos ligados ao NED, por exemplo, tiveram comprovada atuação nos episódios políticos que desestabilizaram a coalizão de centro-esquerda na Itália, em 2007 e 2008. Acabaram derrubando o primeiro-ministro Romano Prodi e, em seguida, reconduziram ao poder o magnata Silvio Berlusconi.
A ação envolveu treinamento de jornalistas, divulgação massiva de boatos na Internet, dirigidos sobretudo aos jovens, e distribuição seletiva de caríssimos “estímulos” a senadores de centro.

Mas, afinal, o que é o NED?

Criada em 1983, por iniciativa do presidente estadunidense Ronald Reagan, trata-se oficialmente de uma entidade privada, mas abastecida de forma majoritária por fundos públicos.
Ainda que seus dirigentes a qualifiquem como um centro de incentivo à democracia, trabalha sempre no apoio a movimentos de direita, com forte ênfase no liberalismo, no individualismo, no privatismo e no pressuposto de que os interesses do mercado devem prevalecer sobre os interesses sociais.

Segundo o conceituado escritor e ativista norte-americano Bill Berkowitz, do movimento Working for Change, o objetivo do NED tem sido “desestabilizar movimentos progressistas pelo mundo, principalmente aqueles de viés socialista ou socialista democrático”.

O NED e suas entidades parceiras figuram na origem das chamadas “Revoluções Coloridas” que se espalharam pelo mundo nesta década.

A primeira operação virtual-midiática de grandes proporções foi a chamada Revolução Bulldozer, em 2000, no que ainda restava da Iugoslávia.

O nome do movimento se deve ao ato violento de um certo “Joe” (na verdade, Ljubisav Dokic) que atacou uma emissora de rádio e TV com uma escavadeira. Logo, foi transformado num emblema da sedição.

Na época, especialistas em mobilização de entidades financiadas pelo NED concederam apoio técnico e treinamento intensivo aos membros do Otpor, grupo estudantil se tornaria fundamental na campanha de desestabilização do governo central.

Talvez o melhor exemplo desse trabalho de corrosão política tenha ocorrido em 2003, na Geórgia, na chamada Revolução das Rosas, que culminou com a derrubada do presidente Eduard Shevardnadze.

Novamente, havia uma organização juvenil envolvida na disseminação de boatos, denúncias e incitações, a Kmara (Basta!), além de várias ONGs multinacionais como o Liberty Institute.

A Revolução das Rosas não teria ocorrido sem o apoio das associações ligadas ao bilionário húngaro-americano George Soros. A Foundation for the Defense of Democracies, instituto neoconservador com sede em Washington D.C., revelou que Soros investiu cerca de US$ 42 milhões nas operações para derrubar Shevardnadze.

O roteiro se repetiu em vários outros movimentos, como a Revolução Laranja, na Ucrânia, em 2004, e a Revolução das Tulipas, no Quirguistão, no ano seguinte.

Levantes dessa natureza ainda têm sido estimulados por esses grupos e seus agentes, que visitam os países-alvo em épocas de crise ou durante processos eleitorais.

Observadores internacionais estimam, por exemplo, que NED e USAID investiram US$ 50 milhões anuais no suporte às entidades que desestabilizaram e derrubaram o governo de Manuel Zelaya, em Honduras.

Nem sempre, porém, as “revoluções“ patrocinadas por essas entidades são coroadas de pleno êxito.

É o caso da chamada “Revolução Twitter”, ocorrida na Moldávia, em 2009, e das frequentes operações de terrorismo midiático e virtual desenvolvidas pela oposição venezuelana.

Em todos esses episódios, há um procedimento estratégico que vem sendo seguido pelos grupos de sabotagem. Podemos sintetizá-lo em dez mandamentos operativos:

1) Difunda o ódio. Ele é mais rápido que o amor.
2) Comece pela juventude. Ela está multiconectada e pode ser mais facilmente mobilizada para destruir do que para construir.
3) Perceba que destruir é “divertido”, ao passo que “construir” pode ser cansativo e chato.
4) A veracidade do conteúdo é menos relevante do que o potencial impacto de uma mensagem construída a partir da aparência ou do senso comum.
5) Trabalhe em sintonia com a mídia tradicional, mas simule distanciamento dos partidos tradicionais.
6) Utilize âncoras “morais” para as campanhas. Criminalize diariamente o adversário. Faça-o com vigor e intensidade, de forma a reduzir as chances de defesa.
7) Gere vítimas do oponente. Questões como carga tributária, tráfico de drogas e violência urbana servem para mobilizar e indignar a classe média.
8) Eleja sempre um vilão-referência em cada atividade. Cole nele todos os vícios e defeitos morais possíveis.
9) Utilize referências sensoriais para a campanha. Escolha uma cor ou um objeto que sirva de convergência sígnica para a operação.
10) Trabalhe ativamente para incompatibilizar o político-alvo com os grupos religiosos locais. Várias dessas agências internacionais de desestabilização enviaram emissários ao Brasil, especialmente a partir do ano passado.
A ação-teste no Brasil foi desencadeada por meio do movimento “Fora Sarney”, organizado pelo movimento denominado “Rir para Não Chorar”, ou simplesmente RPNC.

Os “indignados moralistas” de direita escolheram o político maranhense como alvo, mesmo depois de tolerá-lo durante 45 anos em instâncias decisórias do país.

O líder da vez era um certo Sérgio Morisson, que se dizia consultor de ONGs e “fashionista”. Na época, vivia na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atuando no Comitê de Jovens Executivos.

Na verdade, Sarney serviu apenas como um pretexto de ensaio golpista. O objetivo do grupo era canalizar o ódio da jovem classe média contra o governo Lula.

Distribuíram 50 mil narizes de palhaço, seguindo disciplinadamente a cartilha de simbologia dos movimentos patrocinados pelo NED.

Na verdade, muitos dos “palhacentos” já tinham atuado em outro levante do tipo, o famigerado “Cansei”, que dois anos antes tentara se aproveitar do acidente com o avião da TAM para fomentar uma revolta popular contra o governo federal.

Na presente eleição presidencial brasileira, todo o receituário estratégico e simbólico das revoluções coloridas foi empregado no fortalecimento da candidatura da ex-petista Marina Silva.

A chamada “onda verde”, que impediu a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, foi vigorosamente apoiada por expressivos setores da direita brasileira, inclusive com suporte mal disfarçado de parte da militância oficial do PSDB.

A direita estrangeira e o golpe em curso no Brasil

A principal entidade articuladora da “Revolução do Ódio” no Brasil é o Instituto Millenium (IM), que dispensa apresentações ao leitor da blogosfera. O IM tem uma fixação especial por Ayn Rand, uma escritora, roteirista e pseudo-filósofa russa que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos.

Rand defendia fanaticamente o uso de uma suposta razão objetiva, o individualismo, o egoísmo e o capitalismo. Segundo a base de sua “filosofia”, o homem deve viver por amor a si próprio, sem se sacrificar pelos demais e sem deles esperar qualquer solidariedade.

Para os seguidores de Rand, o espírito altruísta cooperativo é visto como fraqueza e como destruidor da energia humana empreendedora. Rezam pela cartilha de Rand, por exemplo, o articulista de Veja Reinaldo Azevedo e o economista Rodrigo Constantino, membro do Conselho de Fundadores e Curadores do IM, autor de livros barra-pesada como Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT e Egoísmo Racional – o Individualismo de Ayn Rand”.

O conselho editorial do instituto é liderado por Eurípedes Alcântara, diretor da revista Veja, tão conhecido pela barriguda matéria do Boimate (o anúncio da fusão genética do boi com o tomate) quanto por sua devoção fanática pelos Estados Unidos e pelo neoliberalismo radical.

Participante ativo de programas de entidades financiadas pelo NED, Alcântara frequenta simpósios e atividades de treinamento destinadas a impor na América Latina o pensamento da direita corporativa norte-americana. A Internet ainda exibe uma conversa tão estranha quando reveladora entre o executivo da Editora Abril e Donald “Tamiflu” Rumsfeld, ex-secretário do Departamento de Defesa dos EUA. Segue aqui uma fala entusiasmada do entrevistador.

QUESTION (Alcântara): Yeah, that would be my pleasure. I have been watching close your role in the United States and I must say that I admire you. You are so firm since the beginning. When they said they were going there for the oil and then they said you were going there for your own interests, and then, well, we see democracy spreading throughout the Arab world. This is not a small thing, right?

As relações entre o Millenium e entidades estrangeiras seguem diversas rotas de financiamentos e apadrinhamentos, mas um pouco dessa complexa malha de articulações pode ser visualizada aqui:

http://obicho.wordpress.com/2010/03/08/o-anti-foro-de-sao-paulo-e-o-instituto-millenium-afinidades-electivas/

Hoje, os apoiadores estrangeiros do Instituto Millenium e dos partidos da direita brasileira têm um olho ansioso na eleição e outro faminto na compensação exigida. O principal balconista desse negócio é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recentemente, em Foz do Iguaçu (PR), tentou acalmar sua inquieta freguesia.

Caso José Serra vença o pleito em 31 de Outubro, o pagamento prometido está garantido: a entrega do Banco do Brasil, da Petrobras e de Itaipu aos patrocinadores da “Revolução do Ódio”. Mais estarrecedor que esse acordo é o silêncio até agora das forças progressistas.

O que falta para se revelar esse segredo ao povo brasileiro?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O carcamano do patrão (poema)

Pode existir gente falsa
E o mundo está cheio delas.
Mas, não se engane, não,
A pior coisa do mundo
É o carcamano do patrão.

O trabalhador não tem tempo pra nada.
Banco de horas, hora extra, flexibilização.
A saúde é descartável, o lazer, nem se fala.
Tudo isso pra dar lucro
Ao carcamano do patrão.

Se o trabalho dignifica,
Por que adoecemos?
De tanto trabalhar!
De sol a sol, sem parar.
Por isso, não se engane, não.
O único responsável
É o carcamano do patrão.

Adocer, hoje em dia,
É entregar a vida, adeus.
Fila do SUS, isso dá o que falar...
Mas tem gente que não se aperta
Porque tem, na hora certa,
Atendimento médico e particular.

Adoecer no trabalho,
ao invés de ganhar o pão.
Que ironia do destino, essa do peão.
Trabalhador quer saúde e dignidade,
mas vá convencer a vaidade
Do carcamano do patrão?

O trabalho é pra viver, não pra adoecer,
diz a máxima popular.
Mas, então, que se reduza a jornada
e diminua a exploração.
Se tem gente que acha pouco,
que ponha a mão na massa.

Vamos deixar que ele faça,
esse que nos humilha,
o carcamano do patrão.

Sérgio Homrich (3 de julho de 2008)