sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Pelo direito à vida

A poucos dias da data que relembra o massacre das operárias americanas e deu origem ao Dia Internacional da Mulher (8 de março) tomamos conhecimento, através da imprensa, do assassinato de uma costureira, em Jaraguá do Sul, morta a facadas pelo marido, dentro de casa. A tragédia deixa claro que ainda estamos a mercê da ira de homens que, por incapacidade de resolver conflitos de forma coerente, optam, por assim dizer, em destruir vidas. Neste caso em particular o assassino, que depois se matou, destruiu não apenas vidas, destruiu também a família e atingiu, de forma irremediável, duas crianças que agora estão órfãos de pai e mãe. A perda é irreparável.

Não existe justiça que chegue a tempo de devolver aos filhos, parentes e amigos a paz de espírito roubada de forma tão brutal e sem sentido. Não existe explicação que justifique atos insanos com o de tirar a vida de outra pessoa. A violência doméstica, mesmo quando não acaba em morte, contamina o tecido familiar. Estatísticas mostram que homens que espancam suas parceiras também são violentos com as crianças dentro de casa. Pesquisas revelam que filhos criados em famílias em que a mulher é submetida à violência apresentam mais problemas, que vão desde pesadelos ao abandono da escola.

Em momentos como esse, várias perguntas não calam: o que leva um marido/companheiro a tirar a vida daquela a quem jurou amor eterno algum dia? O que o leva a brutalmente assassinar a mãe de seus filhos? Que direito tem qualquer ser humano de tirar de outra pessoa o dom mais precioso que recebemos de Deus, que é o milagre da vida? Como pode alguém se sentir no direito de se tornar dono do outro, a ponto de agredir, matar? Nada, nenhuma situação, por mais difícil que seja, merece um desfecho de morte. Sempre existem outros caminhos, outras alternativas.

Como mulher, mãe e coordenadora do Departamento da Mulher do STIVestuário quero reforçar aqui a necessidade de uma Delegacia especializada para a mulher e a implantação de políticas públicas que sirvam de proteção e prevenção a atos de violência e desrespeito ao bem maior das pessoas, que é a própria vida. Não podemos ficar indiferentes enquanto as estatísticas de crimes contra a mulher só aumentam. Já de longa data o Movimento de Mulheres de Jaraguá do Sul vem abordando este tema da violência doméstica, que toma proporções assustadoras. Dia após dia nos deparamos com mulheres agredidas física e psicologicamente, que buscam nos seus sentimentos mais profundos forças para continuar vivendo. Infelizmente para algumas já não resta nem isso, porque a morte brutal já as levou. Inúmeras assinaturas já foram colhidas para a implantação da Delegacia da Mulher em Jaraguá do Sul, são anos de batalha de vários segmentos da comunidade. E até agora nada.

O Departamento da Mulher do STIVestuário se sente enlutado, quando nos deparamos com a notícia de mais uma morte de uma mulher jaraguaense dentro de sua própria casa, vítima de seu companheiro. O sentimento é de pesar e revolta mas, principalmente, de impotência diante de uma situação que tem se tornado cada vez mais freqüente em nossa sociedade.
Fonte: (email recebido) Rosane Sasse - vice-presidente e coordenadora do Departamento da Mulher do STIVestuário de Jaraguá do Sul e Região

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