Muitas vezes escutamos esta frase, no trabalho, em casa ou numa mesa de bar. Sobretudo entre petroleiros esta idéia é cada dia mais freqüente. Afinal, “nós temos uma PLR maior do que a maioria dos outros trabalhadores, temos a Petros. Afinal estamos melhor do que o que existe por aí.”
Esta é a conversa que sempre aparece, especialmente entre trabalhadores que estão numa situação melhorzinha do que a maioria. Diretores do sindicato tentam sindicalizar os companheiros, mas a frase que se escuta é sempre a mesma: “Pra que serve se sindicalizar? O sindicato não resolve nada!”.
Sem sindicatos estaríamos trabalhando ainda 16 horas por dia
Muitos companheiros não lembram que os poucos direitos que os trabalhadores têm, hoje, são fruto de muitas lutas durante mais de cem anos. Estas batalhas para melhorar a vida dos trabalhadores se deram não só no Brasil, como no mundo inteiro. Vamos relembrar algumas destas conquistas.
A primeira foi a redução e afixação da jornada de trabalho. A luta por sua redução começou mais de 150 anos atrás. Somente a partir dos anos 1920 os trabalhadores do mundo começaram a conquistar as 8 horas diárias. No Brasil foi em 1932. E tem mais, cem anos atrás não existiam o descanso aos domingos e as férias. Estas só vieram com milhares de greves, manifestações e à custa de prisões e mortes de centenas e milhares de trabalhadores do mundo inteiro.
Quem não gosta do 13º salário? Quebra um galhão quando ele chega, não é? Pois é, as primeiras greves para conquistar o 13º começaram em 1953, em São Paulo. Mas este só foi reconhecido em lei em 1962, após nove anos de muitas lutas. Na véspera de o presidente João Goulart assinar a lei, foram presos cinco mil metalúrgicos em São Paulo que estavam em greve, na frente do sindicato, para conquistar este benefício que já existia quase no mundo todo.
E todas as outras conquistas foram fruto da luta organizada dos sindicatos, daqui e do exterior. É o caso das leis de aposentadoria, de acidentes de trabalho, da licença-maternidade. Enfim, é assim com tudo o que temos hoje, e muitos trabalhadores acham que esses direitos nos foram dados de mãos beijadas. Alguns chegam a dizer que a “empresa é uma mãe”. Desconhecem os processos de luta e resistência dos trabalhadores e seus sindicatos na conquista desses direitos.
Hoje o sindicato é mais necessário do que nunca
Muita gente se ilude que agora o sindicato caiu de moda. Sobretudo, para quem trabalha na Petrobrás, pra que serve sindicato?
A gente não pensa na política geral que desde 1980 está dominante no mundo e, entre nós, no Brasil, passou a dominar todos os aspectos da nossa vida. Já falamos mil vezes do neoliberalismo. Pois é, a política neoliberal significa uma coisa muito simples: liberdade total ao capital e arrocho geral sobre os trabalhadores. Por esta política, os direitos que temos hoje são um luxo. É preciso reduzi-los.
Se hoje estamos empregados, quem disse que amanhã não seremos camelô ou taxista? Quem disse que a Petrobrás não vai mandar embora? Quem disse que nosso setor não vai ser terceirizado ou simplesmente extinto? Quem garante que nosso lugar não vai ser tomado por uma máquina superautomatizada que vai pôr na rua centenas de colegas e nós no meio?
Por isso, ao contrário do que muitos pensam, a nossa união é mais necessária do que nunca. O sindicato vai ser mais útil do que nunca.
E, com cada um participando, o SINDIPETRO-RJ terá mais força. Mais força para defender cada trabalhador e trabalhadora.
Esse é o sentido do sindicato.
Uma ferramenta antiga e sempre nova, como uma faca.
Por Vito Giannotti (Núcleo Piratininga de Comunicação)
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